quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Distante

Hoje desisti de morrer. Desisti de tentar.
Não vou para casa esta noite. Não quero te ouvir falar de dinheiro e trabalho esta noite.
Não quero te ouvir falar sobre o mundo.
Pois a farpa rasga meu coração dentro do peito e me deixa feridas abertas.
Não quero te ouvir falar para amanhã ter que acordar com olhos roxos.
Esta noite vou fugir para o céu.
Esta noite vou fugir do mundo que vive contra mim.
Eu vou aterrar a hipocrisia e deixa-la para os mortos.
Eles fazem melhor proveito dela do que eu.
Eu vou limpar meus pés da sujeira das calçadas.
Esta noite eu vou te ver.
Esta noite eu vou te encontrar e descobrir o que realmente há de tão maravilhoso como ele me conta.
Só somos duas almas perturbadas à procura daquilo que roubaram-nos.
Existe uma meta. Mas não me deixarei levar pela vaidade. Ela cega. Tudo daqui cega.
Esta noite vou destruir as paredes frias deste mundo.
Eu vou limpar as lágrimas imundas que queimam teu rosto.
Vou te cuidar e te fazer flutuar.
Esta noite serei eu tua mãe.
Eu vou dividir contigo o que é essa terrível angustia.
Vou te cuidar.
Esta noite serei eu o amante da natureza.
Sairei pela madrugada ao teu encontro com meus cabelos soltos correndo contra o vento sentindo o gosto da chuva nos lábios.
Esta noite regarei a luz que cresce e vive em mim.
Essa noite bailarei com as estrelas sobre a lua.
Tocando aquela velha canção que ele me deu.
Terei meu mais profundo sentimento e depois transbordarei amor.
Esta noite eu vou esquecer a assustadora realidade de como é viver morto.
E te darei todas minhas lágrimas.
Esta noite só espero não acordar e ver... Ver que tudo isso é só um sonho distante.

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